O Que Cremos Sobre a Igreja

Introdução
Quando ouvimos a palavra "igreja", talvez a primeira imagem a chegar em nossas mentes seja a de um prédio grande com torres e vidros ornamentados. Nossa cultura nos orienta a pensar na igreja como sendo um edifício. Isso, porem, não reflete o uso da palavra quando encontrada na Bíblia.
A palavra grega traduzida "igreja" no Novo Testamento é ekklesia, e seu significado é de uma "assembleia chamada para fora". Esta palavra é usada tanto para a igreja universal quanto à igreja local.


A Igreja Universal
A igreja universal é composta das pessoas salvas desde o dia de pentecostes (Atos 11:15) até a vinda de Cristo (1 Ts 4:15-17). Na Bíblia, este grupo se chama "o corpo de Cristo" (Efésios 1:22-23) e "a noiva de Cristo" (Efésios 5:25-27, Apocalipse 21:71). É importante entendermos que a igreja universal é distinta da nação de Israel (Romanos 11:25, Mateus 16:18).
Uma pessoa se torna parte da igreja universal no momento que é salva e habitada pelo Espírito Santo (1 Cor 12:13). Este mesmo Espírito nos concede dons que existem para a edificação do corpo como um todo (Romanos 12:4-8).


A Igreja Local
A igreja local é uma assembleia de crentes professos, batizados e organizados com o propósito de adoração, comunhão, e evangelização. Desde o início da igreja universal, podemos ver crentes mantendo reuniões regulares (Atos 20:7), escolhendo seus líderes (Atos 6), e enviando cartas de recomendação de uma igreja para outra (Atos 18:27).
As igrejas locais devem possuir suas lideranças próprias. A Palavra de Deus ensina dois ofícios para a igreja local: pastor e diácono.
Pastor
Na Bíblia encontramos três termos usados para a função pastoral: pastor--que enfatiza sua responsabilidade (Atos 20:28), bispo--que mostra a sua autoridade (I Timóteo 3:1), e presbítero--que indica a sua maturidade (Tito 1:5). Todos os três são usados juntos, se referindo ao mesmo grupo de pessoas, como em Atos 20:17 e 28.
Em I Timóteo 3:1-7 e Tito 1:5-9, encontramos as qualificações para um pastor. Ele precisa ser homem, irrepreensível, um exemplo no seu lar, e sã doutrina, apto para ensinar, maduro. Suas responsabilidades são de administrar (I Timóteo 5:17), pastorear (I Pedro 5:2), e educar (Tito 1:9) a igreja local.
Uma ótima citação resume o ofício pastoral
Um pastor é um homem a quem é dada responsabilidade sobre almas. Ele não é meramente um homem agradável que visita as pessoas, toma chá com elas, ou passa o dia com elas. Ele é o guardião, o mordomo, o protetor, o organizador, o diretor, o administrador do rebanho. ” Dr. Martin Lloyd Jones


Diácono
O sentido da palavra díácono é "servo". Suas qualificações são basicamente as mesmas que um pastor (I Timóteo 3:8-13).
O ofício de diácono tem um alvo principal: deixar o pastor livre para orar e ministrar a palavra de Deus (Atos 6:2-4). Isso pode incluir se responsabilizar por departamentos da igreja, cuidar de pessoas necessitadas, administrar o patrimônio, etc.
Conforme o exemplo de Atos 6, o diácono é escolhido pela congregação. A prática de muitas igrejas tem sido de ter diáconos que servem por um tempo determinado, para que outros possam servir também.


As Ordenanças
Cristo deu duas ordenanças à sua igreja: o batismo e a ceia. Estas ordenanças foram instituídas por Jesus (Mateus 26:26-29), observadas pela igreja primitiva (Atos 2:38-41), e (no caso da ceia) explicada nas epístolas (I Coríntios 11:23-35).
Batismo
O batismo é a imersão do crente em água como testemunho público da sua participação anterior na morte, sepultamento, e ressurreição de Cristo.
O batismo consiste em imergir uma pessoa, já salva, na água, em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo. Batizamos por imersão por causa do significado da palavra (baptidzo-- imergir), e os exemplos bíblicos (Marcos 1:10, João 3:23, Atos 8:38-38).
O batismo também mostra, de uma forma física e visual, o que acontece espiritualmente com o pecador quando ele é salvo: é morto, sepultado, e ressuscitado com Cristo, pelo Espírito Santo (Romanos 6:3-4, Colossenses 2:12)
O batismo é um dos pré-requisitos para se tornar um membro da igreja local (At 2:41).


A Ceia do Senhor
A celebração da Ceia do Senhor, instituída por Cristo antes da sua morte (Lucas 22:19-20), serve como comemoração comunitária da obra de Cristo na cruz. Os elementos da Ceia são pão e vinho (fruto da uva). Estes simbolizam a morte de Cristo (I Coríntios 11:26), e antecipam a sua volta (Mateus 26:29. I Coríntios 11:26).
Baseado em Atos 2:41-42, cremos que quem participa da Ceia deve ser uma pessoa crente em Jesus Cristo, batizada, e em comunhão com a sua igreja local.


O Governo da Igreja Local
Segundo o nosso entendimento da Bíblia, cremos que a igreja local é autônoma, não dependendo de nenhuma influência externa para as suas decisões internas (Mateus 18:15-17). Praticamos um sistema congregacional de governo, colocando na mão dos membros as decisões maiores, incluindo a escolha dos líderes (Atos 6:1-6) e o tratamento de conflitos entre os seus membros (Mateus 18:15-17)


Resolvendo Conflitos na Igreja Local
Vistos a origem da Igreja (Cristo), o manual da Igreja (a Bíblia), e a orientação da Igreja (o Espírito Santo), a igreja teria totais condições de ser sempre um pedaço de paraíso na terra. Porem, o fato é que ela é composta de pessoas pecadoras, e essas pessoas geram conflitos. Este conflito-- embora inevitável--deve ser tratado de uma forma bíblica.
Em Mateus 18:22, Jesus nos dá um processo para resolver conflitos entre membros da igreja local: exortação pessoal, exortação com testemunhas, exortação com a igreja local, e exclusão da igreja.
O apóstolo Paulo, em I Coríntios 5:1-5, instrui a igreja a lançar fora um homem que estava vivendo num estado de imoralidade aberta. Já em II Coríntios 2:5-11, ele pede à igreja recebê-lo de volta, após um genuíno arrependimento. Isto nos ensina que a disciplina na igreja deve ser direcionada a pessoas que estão em rebeldia, insistindo em seu pecado. À medida que a pessoa se arrepende, deve ser recebida de volta.
O princípio que deveria governar todo tratamento de um irmão pecador dentro da igreja local se encontra em Gálatas 6:1-2. Em tratar do irmão que tem falhado, devemos lembrar que somos capazes de cair também.


O Sustento da Igreja Local
Embora a igreja tenha um foco eterno, vivemos no mundo da atualidade, que funciona através de dinheiro e bens materiais. Por isso, é importante que os membros da igreja local sejam generosos com seus dízimos e ofertas, para que o trabalho do evangelho continue. Entre outras coisas, é essencial que a igreja sustente o pastor que traz, toda semana, a palavra de Deus (I Coríntios 9:14).
O dízimo--ou seja, a décima parte do salário--é um conceito desenvolvido no Antigo Testamento. Em Génesis 14:20, Abrão dá ao rei Melquizedeque a décima parte do despojo que ele ganhara na guerra dos nove reis. Depois, Deus ordenou que o seu povo desse o dízimo do fruto da terra para o sustento do labor do tabernáculo.
No Novo Testamento, porém, não temos nenhum mandamento para os crentes continuarem a prática do dízimo. O que temos são exemplos dos irmãos da igreja primitiva dando o que podiam com bastante alegria. (Atos 4:32-37, 2 Cor 8:1,2). Paulo, portanto, estabelece o princípio de "dar com alegria" (II Coríntios 9:7).
Então, o crente deve dar ou não o dízimo? Entendemos que o ensino bíblico para a igreja seja contribuir “com alegria” segundo Deus tem “proposto no coração”. Isso não deve ser desculpa para dar o mínimo que podemos. O crente que entende que tudo o que tem vem do Senhor, terá enorme alegria em devolver a Deus, para o crescimento da sua obra. O grande exemplo para nós está em Mateus 12:41-43.




A relação entre Igrejas Locais
Quanto a isso, nossa Confissão resume bem:
A relação da igreja local com outras igrejas, denominações ou organizações religiosas deve ser feita quando ambas as partes aderem à verdade bíblica. Por isso, não deve haver vínculo cooperativo quando há discordância em pontos essenciais da fé cristã histórica. Além isso, embora se possa manter comunhão em nível pessoal com crentes de denominações diferentes (mas não herético), a relação institucional com tais grupos deve ser evitada quando essa cooperação limitar e/ou dificultar a propagação pura e simples do evangelho da graça de Cristo.” (pág 11)


Desta forma rejeitamos
O ecumenismo, que defende a união de igrejas, embora estas creiam de maneiras distintas em pontos fundamentais.

A cooperação eclesiástica com igrejas pentecostais e neopentecostais, que possuem uma prática tão distinta que limitam nossa mensagem.

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